segunda-feira, 7 de abril de 2008

Tic.

Tem momentos que nos são tão especiais, por mais simples ou tolos que pareçam, que é quase impossível explicar a outra pessoa ou, pior ainda, contar através das palavras.

Eu assistía agora ao primeiro tempo da decisão da NCAA, entre Kansas e Memphis (Derrick Rose, eu disse primeiro, 7/4/08), na ESPN, com SAP ligado, claro. Na narração, Brad Gilbert, o melhor de todos pra mim.

Eis que, enquanto as câmeras passeiam pelas arquibancadas no intervalo, mostrando personalidades e atletas presentes no ginásio, surge a figura de Bill Russell.

Pra quem não sabe nada de basquete, é fácil definir o Senhor Russell - é o maior vencedor da história nesse esporte.

O Senhor Russell jogava com uma elegância - numa posição onde essa é qualidade rara - que manteve depois de pendurar seus Chuck Taylors. Hoje ele tem 74 anos.

Pois não é que, segundos depois de as câmeras o mostrarem, enquanto Brad Gilbert desfilava elogios a ele, o Senhor Russell leva um de seus gigantescos dedos da mão direita ao nariz e solenemente tira uma meleca (com direiro ao movimento casado com o polegar na seqüência).

Corte para outra câmera, imediatamente.

No sofá da minha sala, um sorriso. Como os que me vêm ao rosto nas brincadeiras do meu avô.

Na tv, silêncio. Brad segue falando sobre o jogo e apenas solta uma leve risada, daquelas que damos quando estamos rindo de um grande amigo ou de alguém que respeitamos ou admiramos muito.

Quem sabe, um dia, um engraçadinho não bote esse momento no YouTube.

Aí todos vão ver como, até pra tirar uma meleca, o Senhor Russell está numa classe única.